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SIMPLESMENTE SER

Há pessoas que falam que têm o poder da persuasão, que usam bem as palavras e são convincentes. São pessoas inteligentes, perceptivas, sagazes que falam do que os outros gostam e querem ouvir. Nem sempre acreditam no que falam, mas falam e usam todo o carisma para atrair, envolver, convencer e usar seus ouvintes para os seus próprios interesses.

Há pessoas que nos convencem pelo que fazem. São pragmáticas, objetivas, determinadas e chegam ao topo. O caráter não importa muito, pois os fins justificam os meios. Como num jogo o importante é ganhar e ganham sempre. Não há culpa, não há pecado e não há perdão, pois estão focadas nos próprios objetivos e estes valem qualquer sacrifício. Fama, dinheiro e poder respondem por tudo e, para tanto, as regras não dizem muito.

Há pessoas que nos convencem pelo que têm. Sua vida de ostentação, seus relacionamentos, suas posses, seus supostos prazeres nos seduzem e quase nos arrastam ao seu estilo de vida mesmo sem poder. Alguns já nasceram ricos, outros se fizeram ricos porque trabalharam ou simplesmente alcançaram a riqueza por uma conjunção de fatos que contribuiram para que chegassem aonde chegaram. Sua vida de luxo, conforto e aparente liberdade nos fazem sonhar e desejar seu estilo de vida por puro deleite.

Mas há um tipo de pessoa que procuramos e muito raramente encontramos: São aquelas pessoas que nos convencem simplesmente pelo que são. Não são dadas ao falar, não são pragmáticas no fazer, nem nos convencem pelo que têm. Simplesmente são e isso lhes basta ser. Essas pessoas não estão preocupadas em agradar, mas também não querem desagradar. Não estão determinadas em fazer, mas fazem simplesmente porque é o que devem fazer. Elas nem sempre têm, e quando têm não ostentam, não provocam inveja, nem fazem dela a sua muralha. Não buscam honras, não se vendem aos prazeres e não se deixam corromper.

Há naturalmente muitos outros tipos, mas separei estas para você pensar que tipo de pessoa gostaria de ser: A que convence, a que realiza, a que possui, ou simplesmente aquela que é ela mesma, e sendo ela mesma convence, realiza e acumula bens que o dinheiro não pode comprar. Isso não a impede de falar, de fazer ou possuir riquezas, mas simplesmente não coloca nisso o seu coração.

Simplesmente ser. Ser você mesmo, sem máscara, sem mácula, sem inveja, sem orgulho, sem vaidades… Sem falsa piedade. Esse é o nosso desafio e a nossa maior razão para crer.

Pastor Levy de Abreu Vargas

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A Opção Pelo Simples.

Quando conversamos com vários casais nos encontros de casais que ministramos, nos deparamos com pais preocupados em oferecer o melhor para seus filhos e, não poucas vezes, desesperados diante das respostas débeis dos filhos.
Trata-se de pais conscienciosos que estimulam os filhos a serem bons estudantes e a desenvolverem suas habilidades motoras e cognitivas ao máximo, por meio de uma série de atividades extracurriculares, como o aprendizado de uma língua estrangeira, de um esporte ou de alguma habilidade artística.
Muitas crianças e muitos adolescentes iniciam várias destas atividades, simultânea ou sequencialmente, às vezes motivados pela novidade ou pelo estímulo de um amigo próximo, mas desistem depois de algum tempo alegando desinteresse ou cansaço. Os pais insistem oferecendo uma atividade alternativa, na esperança de motivar os filhos e finalmente encontrar algo que possa preencher o espaço. Para isso, muitas vezes têm de se sacrificar por horas a fio em meio ao trânsito caótico de grandes centros para levar e buscar os filhos em tais atividades.
Por vezes, arriscamos perguntar aos pais por que eles acreditam que os filhos necessitam desta infinidade de atividades para as quais demonstram pouco ou nenhum interesse. E as respostas geralmente oscilam entre a necessidade de equipar os filhos para enfrentarem uma sociedade competitiva e “porque todos os coleguinhas fazem”. Entretanto, o que constatamos é que muitos pais terceirizam as atividades lúdico-educativas dos filhos porque “perderam” a habilidade do simples.
Perguntei a um pré-adolescente se ele já tinha feito uma pipa ou construído um carrinho de rolimã junto com o pai. O pai estava ao lado e, constrangido, deu uma risada sem jeito. Eu perguntei a ele se nunca tinha construído um carrinho de rolimã em sua infância e ele disse que sim, mas que havia esquecido como se faz.
Os pais precisam tomar consciência de que o melhor investimento na educação dos filhos é o tempo de qualidade que podem dispensar a eles. Quando um filho ou uma filha brinca com os pais, desenvolve diversas habilidades (motoras e cognitivas) de uma forma tranquila e silenciosa, por meio da observação e da coparticipação. O simples fato de uma menina observar a mãe cortar uma cartolina para elaborar um cenário onde elas irão desenvolver uma brincadeira ou de um menino ajudar o pai a segurar uma ferramenta já é altamente estimulante para o desenvolvimento de habilidades. E arriscaríamos dizer que pequenas experiências como estas são mais estimulantes que atividades extracurriculares, porque nelas está presente um elemento fundamental para o aprendizado: o afeto!
Assim, o simples, como ter o filho ao lado, sentado no chão, empilhando pedacinhos de madeira na construção de um castelo, pode gerar um resultado melhor em termos de aprendizado que cinquenta aulas de bricolagem para crianças. Sempre me encanta o privilégio e igualmente a responsabilidade que Deus oferece aos pais de “criar os filhos” (Ef. 6.4), e penso que tal privilégio não deve ser transferido a terceiros com tanta facilidade – e até mesmo leviandade em alguns casos. Chego a pensar que nossa sociedade tem roubado certos direitos exclusivos da família (entre esses, o direito de educar os filhos) ao criar a mentalidade de que as crianças precisam ser superdesenvolvidas em inúmeras habilidades extracurriculares – como diziam os pensadores marxistas, os filhos são do estado e não dos pais, estes são meros procriadores.
Pais, não entreguem a outros o privilégio que é especialmente dado a vocês. Escolham o simples: tempo de qualidade com os filhos para desenvolver atividades lúdicas.

Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski
Revista Ultimato. Casamento e Família, pg. 40. Edição Julho-Agosto, 2014.